O fim dos cinemas?
Entenda como a Covid-19 pode ter acelerado o começo do fim para as cadeias de cinemas
Em 2019, a receita global de bilheteria nos cinemas foi de US$ 42 bilhões (R$ 215 bilhões), o melhor ano para a indústria de entretenimento na década. Em 2020, graças à pandemia da Covid-19 se alastrando pelo planeta, e com as produções cinematográficas suspensas, os estúdios de Hollywood devem faturar menos de US$ 16 bilhões (R$ 82 bilhões).
O impacto da Covid nas bilheterias em todo o mundo colocou uma enorme pressão financeira nas salas de cinema, sejam elas grandes cadeias como a AMC e Cinemark, ou pequenos teatros operados por famílias. Sem poder abrir para o público na maioria das cidades, as salas de cinema perderam toda sua receita.
Para agravar o problema, a Warner Bros, um dos maiores estúdios de Hollywood, anunciou na semana passada que TODOS os seus filmes nos próximos 12 meses estarão disponíveis na HBO Max, seu serviço de streaming nos EUA, no mesmo dia em que chegarem aos cinemas! Isso significa que os consumidores americanos poderão assistir a grandes sucessos como Wonder Woman 1984, Suicide Squad e Matrix 4 simultaneamente com suas estreias no cinema, sem nenhum custo extra para os assinantes.
O raciocínio da WB é de que o número adicional de novos assinantes da HBO Max irá compensar a perda de receita nas salas de cinema. A aposta arriscada, se não for revertida em 2022, terá um impacto profundo na indústria do entretenimento. Atores e diretores, que ganham comissão sobre a bilheteria, irão sofrer um profundo corte na sua compensação, e o novo modelo de negócios pode ser o começo do fim para superproduções acima de US$ 200 milhões. Até hoje, Hollywood conseguia faturar com os filmes lançados nos cinemas e, alguns meses depois, em Blue Rays e lançamentos digitais via operadoras de TV a cabo, Google Play, Amazon e Apple. Serviços de streaming foram sempre vistos como competidores e não aliados.
Por que este assunto é relevante?
O lançamento de filmes diretamente nos serviços de streaming pode sinalizar o fim das salas de cinema em todo o mundo. O novo modelo de negócios focado em serviços da Apple, AT&T, Netflix e Amazon desloca o centro de gravidade da indústria de entretenimento de Hollywood para o Vale do Silício, já que dinheiro e distribuição não são problema para as empresas de tecnologia. Esta mudança também poderá acelerar a adoção de realidade virtual e aumentada nos próximos anos.
A disrupção causada pela tecnologia e acelerada pela Covid mostra que mesmo indústrias centenárias e ricas como Hollywood não estão mais seguras. Será praticamente impossível na próxima década sobreviver como uma empresa analógica e offline. Para os estudantes de cinema, existe uma grande oportunidade para criar-se novos formatos adaptados às novas tecnologias e realidade do mercado.
O que você acha que vai acontecer com os cinemas? O que eles podem fazer para sobreviver em um mundo majoritariamente on-line?